PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO

DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE

 

KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS SOBRE O DIREITO E O ESTADO, OS JURISTAS E A JUSTIÇA

 

Carta a Paul Ernst

 

O Método Materialista Converte-se em Seu Oposto

Se Não É Tratado como Fio Condutor na Investigação Histórica,

Mas Sim Como Molde Prefabricado,

Segundo o Qual São Recortados os Fatos Históricos   

 

FRIEDRICH ENGELS[1]

 

 

Concepção e Organização, Compilação e Tradução

 Emil Asturig von München, Janeiro de 2014

 

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Londres, 5 de Junho de de 1890

 

Lamentavelmente, não posso satisfazer seu pedido de redigir uma carta que possa vir a utilizar contra o Sr. Hermann Bahr.[2]

 

Isso me envolveria em uma polêmcia aberta contra ele e, para isso, teria de literalmente subtrair muito tempo às minhas atividades.

Portanto, o que aqui lhe escrevo é, tão somente, destinado à sua informação particular.

Ademais disso, desconheço inteiramente aquilo que o Sr. denomina de movimento feminista da Escandinávia.

Conheço apenas alguns dramas de Ibsen e não tenho a mínima idéia se e em que medida possa ser ele considerado responsável pelas lucubrações mais ou menos histéricas das mulheres arrivistas, burguesas e pequeno-burguesas.

Também o domínio habitualmente denominado de questão feminina é tão amplo que, nos limites de uma carta, é impossível esgotar esse tema ou mesmo dizer algo de medianamente satisfatório sobre o problema.

Apenas uma coisa é certa : Marx jamais poderia ter “se posicionado” do modo que o Sr. Barth suspeita.

 Mesmo porque, ele não era tão maluco assim.

Quanto à tentativa, empreendida pelo Sr., de tratar a questão em realce de modo materialista, devo, antes de tudo, dizer-lhe, que o método materialista converte-se em seu oposto, se não é tratado como fio condutor na investigação histórica, mas sim como molde prefabricado, segundo o qual são recortados os fatos históricos.

E se o Sr. Barth acredita ter surpreendido o Sr. por encontrar-se nesse caminho equivocado, creio que possua ele uma pequena sombra de razão. (...)

 

 

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 

 



[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Brief an Paul Ernst. Entwurf (Carta a Paul Ernst. Esboço)(5 de Junho de 1890), in : Karl Marx und Friedrich Engels Werke (Obras de Karl Marx e Friedrich Engels), Vol. 37, Berlim : Dietz, 1967, pp. 411 e s. Anotação de Emil Asturig von München: Boa parte do conteúdo da presente carta de Engels, dirigida a Paul Ernst, surge também incluída em IDEM. Antwort an Herrn Paul Ernst (Resposta ao Sr. Paul Ernst)(1° de Outubro de 1890), in : ibidem, Vol. 22, Berlim : Dietz, 1963, pp. 80 e s. Essa última resposta de Engels surgiu, a seguir, publicada, em 5 de outubro de 1890, no “Berliner Volksblatt (Folha Popular Berlinense)”, sob o título “Carta ao Sr. Paul Ernst”. A presente resposta de Engels reportava-se ao artigo publicado por Paul Ernst, em 16 de setembro de 1890, no jornal “Volksstimme (A Voz do Povo)”, em que, deformando as posições de Engels, procurava justificar seus próprios argumentos de tonalidade semi-anarquista. Assinalo, ademais, que Paul Ernst (1866-1933) foi um publicista e escritor, de início, dotado de uma orientação social-democrática. No fim dos 80 do século XIX, aderiu às fileiras da Social-Democracia Alemã, ainda sob as condições reinantes de ilegalidade. Em 1891, foi daí expulso, por intervir como um dos principais dirigentes da oposição semi-anarquista de “Os Jovens”. A partir do início da I Guerra Mundial, celebrizou-se como um dos principais precursores do nazismo alemão.

[2] Sobre as posições defendidas por Bahr, vide BAHR. HERMANN. “Zur Frauenfrage: Die Epigonen des Marxismus (Sobre a Questão da Mulher. Os Epígonos do Marxismo), in : Freie Bühne für modernes Leben (Cenário Livre para a Vida Moderna), Caderno 17, 28 de maio de 1890. O artigo aqui referido de Bahr fora formulado como crítica às idéias de Paul Ernst relativamente à questão da mulher, publicadas em ERNST, PAUL. Frauenfrage und sociale Frage (A Questão da Mulher e a Questão Social), in : Freie Bühne für modernes Leben (Cenário Livre para a Vida Moderna), Caderno 15, 14 de maio de 1890. Diante disso, Ernst julgou por bem pedir a Engels - em carta datada de 31 de maio de 1890, a este dirigida - que intercedesse a seu favor, na polêmica travada contra Hermann Bahr.