PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO

DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE

 

KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS SOBRE O DIREITO E O ESTADO, OS JURISTAS E A JUSTIÇA

 

Segunda Carta a Ludwig Kugelmann sobre a Comuna de Paris

 

A História Mundial Seria Muito Fácil de Fazer Se a Luta Fosse Assumida Apenas em Condições de Chances Infalivelmente Favoráveis:

A Luta da Classe Trabalhadora contra a Classe Capitalista e seu Estado Ingressou em uma Nova Fase Por Meio da Luta Travada em Paris

Um Novo Ponto de Partida de Relevância Histórico-Mundial Foi Alcançado

 

 

 

 

KARL MARX[1]

 

Concepção e Organização, Compilação e Tradução

 Emil Asturig von München, Dezembro de 2011

 

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Londres, 17 de abril de 1871

Caro Kugelmann,

 

Recebi devidamente sua carta. No presente momento, tenho as mãos repletas de coisas para fazer.

Por isso, eis aqui apenas poucas palavras.

A meu ver, é inteiramente incompreensível o fato de que você possa comparar as manifestações pequeno-burguesas, à la 13 de junho de 1849 etc., com a atual luta que se trava em Paris.[2][3]

 

A história mundial seria, de fato, muito fácil de fazer, se a luta fosse assumida apenas em condições de chances infalivelmente favoráveis.

Por outro lado, seria de natureza muito mística, se os “acasos” não desempenhassem papel algum.

Naturalmente, esses acasos mesmos precipitam-se no curso geral do desenvolvimento e são, novamente, compensados por outros.

Porém, aceleração e atraso são muito dependentes desses “acasos” – entre os quais figura também o “acaso” do caráter daqueles que, primeiramente, encontravam-se à cabeça do movimento.

Desta vez, o “acaso” decisivamente desfavorável não deve ser, absolutamente, procurado nas condições gerais da sociedade francesa, mas sim na presença dos prussianos na França e na posição destes, bem diante de Paris.

Disso, os parisienses estavam muito perfeitamente conscientes.

Entretanto, também os canalhas burgueses de Versalhes sabiam disso.

Por isso mesmo, colocaram os parisienses diante da alternativa de assumirem a luta ou sucumbirem sem luta.

Nesse último caso, a desmoralização da classe trabalhadora seria uma desgraça muito maior do que a perda de um número qualquer de “dirigentes”.

A luta da classe trabalhadora contra a classe capitalista e seu Estado ingressou em uma nova fase, precisamente por meio da luta, travada em Paris.

Seja lá qual for o resultado imediato da questão, fato é que um novo ponto de partida de relevância histórico-mundial foi alcançado.

Adio,

K.M.      

 

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 

 



[1] Cf. MARX, KARL. Brief an Ludwig Kugelmann in Hannover (Carta a L. Kugelmann em Hannover)(17 de Abril de 1871), in : Karl Marx und Friedrich Engels Werke (Obras de Karl Marx e Friedrich Engels), Vol. 33, Berlim : Dietz, 1966, pp. 209 e s.                      

[2] Com efeito, em 15 de abril de 1871, Kugelmann dirigira a Marx uma missiva, alegando o seguinte : “Novamente, a derrota subtrairá, por longo tempo, aos trabalhadores os seus dirigentes, desgraça essa que não pode ser subestimada. Pelo momento, parece-me que o proletariado necessita mais ainda de esclarecimento do que luta, travada com armas nas mãos. Atribuir o fracasso a esse ou àquele acaso não significa incidir nos mesmos erros de que são, tão contundemente, reprovados os pequeno-burgueses, no “18 Brumário”?” Cf. KUGELMANN, LUDWIG. Brief an Karl Marx (Carta a Karl Marx)(15 de Abril de 1871), passim  : Karl Marx und Friedrich Engels Werke (Obras de Karl Marx e Friedrich Engels), Vol. 33, Berlim : Dietz, 1966, p. 746.    

[3] Destaco que, em 13 de junho de 1849, o Partido da Montanha (Montagne) de linhagem pequeno-burguesa havia conclamado as massas parisienses a realizarem uma manifestação pacífica de protesto contra o envio de tropas francesas à Itália, com o objetivo de reprimir a Revolução Italiana que, então, desenrolava-se. Segundo o Artigo 5° da Constituição Francesa, em vigor naquele ano, proibia-se o envio de tropas ao exterior, visando à repressão da liberdade de outras nações. A manifestação parisiense em realce foi, entretanto, esmagada, naquela ocasião, por tropas oficiais do Estado Francês, o que colocou às claras a falência do regime democrático pequeno-burguês, instaurado há pouco meses atrás em território francês.