KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS EM FACE DOS SINDICATOS E DAS GREVES

 

Os Sindicatos Prestam Bons Serviços Como Centro de Aglutinação da Resistência

Contra os Atos de Violência do Capital:

Perdem Inteiramente Seu Objetivo Logo Que Se Limitam a Conduzir Uma Guerra de Guerrilha

Em Vez de Simultaneamente Tentarem Modificar o Sistema de Trabalho Assalariado,

Lutando Pela Libertação Final da Classe Trabalhadora,

Pela Abolição Definitiva do Sistema de Trabalho Assalariado

 

KARL MARX[1]

 

Concepção e Organização, Compilação e Tradução

 Emil Asturig von München & Lo Scaltro von Genua, Novembro de 2004

 

Para Palestras e Cursos sobre o Tema em Destaque

Contatar emilvonmuenchen@web.de

 

Voltar ao Índice Geral

http://www.scientific-socialism.de/MESGCapa.htm

Clique aqui para a Versão em Língua Alemã  

 

 

 

(…) Essas poucas indicações hão de bastar para demonstrar que todo o desenvolvimento da indústria moderna tem de, cada vez mais, inclinar a balança a favor do capitalista e contra o trabalhador e que, conseqüentemente, a tendência geral da produção capitalista não é a de elevar o nível médio dos salários, mas sim de reduzí-lo ou de pressionar, mais ou menos, o valor do trabalho até o seu limite mínimo.

Ora, como a tendência das coisas nesse sistema é dessa natureza, quer isso dizer, por acaso, que a classe trabalhadora deve renunciar à sua resistência contra os atos de violência do capital, abandonando sua tentativa de aproveitar, da melhor maneira possível, as chances ocasionais de melhoria temporária de sua situação ?      

Se a classe trabalhadora fizesse isso, ela se degradaria em uma massa uniforme de pobres diabos arruinados que não mais poderiam ser salvos por solução alguma.

Acredito ter demonstrado que as suas lutas (EvM.: as lutas da classe trabalhadora assalariada) pelo nível de salários são efeitos secundários, inseparáveis de todo o sistema de trabalho assalariado; que, em noventa e nove por cento dos casos, seus esforços de elevar o salário laboral são apenas esforços para manter o valor determinado do trabalho e que a necessidade de negociar com o capitalista o seu preço é inerente à condição de ter de vender a si própria como mercadoria.

Se, em seus embates diários, travados contra o capital, cedesse, covardemente, desqualificar-se-ia, inevitavelmente, para dinamizar qualquer tipo de movimento de maior abrangência.

Ao mesmo tempo – e de modo inteiramente independente da servidão geral que envolve o sistema de trabalho assalariado -, a classe trabalhadora não deveria sobrestimar a eficácia definitiva dessas lutas quotidianas.  

Não deveria esquecer que luta contra os efeitos, não porém contra as causas desses efeitos; que, em verdade, desacelera o movimento descendente, sem, porém, modificar a sua direção; que aplica meios paliativos, sem curar, porém, a enfermidade.

Por isso, ela não se deveria consumir, completamente, nessa inevitável Guerra de Guerrilha, resultante ininterruptamente dos incessantes atos de violência do capital ou das oscilações do mercado.

Deveria compreender que o atual sistema, com toda a miséria que impõe contra ela, engendra, concomitantemente, as condições materiais e as formas sociais, indispensáveis à transformação econômica da sociedade.                       

Em vez da consigna conservadora : “Um salário justo por uma justa jornada de trabalho !”, a classe trabalhadora deveria escrever em suas bandeiras a seguinte reivindicação revolucionária : “Abaixo o sistema de trabalho assalariado !”

Após essa longuíssima e – tão como temo – cansativa exposição, à qual tive de me dedicar, visando a honrar, em alguma medida, o tema, colocado em debate, gostaria de concluir com uma proposta de adoção das seguintes resoluções :

 

1.           Uma elevação geral da taxa de salários conduziria a uma queda da taxa geral de lucro, sem afetar, porém, em termos gerais, os preços das mercadorias ;

 

2.           A tendência geral da produção capitalista não age no sentido de elevar o nível médio dos salários, mas sim de reduzí-lo ;

 

3.           Os sindicatos prestam bons serviços como centros de aglutinação da resistência, movida contra os atos de violência do capital.

Perdem parcialmente o seu objetivo logo que fazem uso inadequado de seu poder.

Perdem inteiramente o seu objetivo logo que se limitam a conduzir uma Guerra de Guerrilha contra os efeitos do sistema existente, em vez de, simultaneamente, tentarem modificar esse sistema, em vez de empregarem suas forças organizadas como uma alavanca para libertação final da classe trabalhadora, i.e. para a abolição definitiva do sistema de trabalho assalariado.      

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

BUENOS AIRES - MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 



[1] Cf. MARX, KARL. Lohn, Preis und Profit (Salário, Preço e Lucro)(Maio – Junho de 1865), especialmente Nr. 14: A Luta entre Capital e Trabalho e os Seus Resultados, in : ibidem, Vol. 16, Berlim : Dietz, 1962, pp. 151 e s. Cabe salientar que o presente texo de Marx foi apresentado, na forma de palestra, nas sessões do Conselho Geral da I Internacional de 20 e 27 de junho de 1865, havendo sido redigido, seguramente, entre fins de maio e 27 de junho de 1865. Foi pela primeira publicado em língua inglesa, por iniciativa da filha de Marx, Eleanor Aveling, sob o título “Value, Price and Profit (Valor, Preço e Lucro)”, acompanhado de um prefácio de autoria de Edward Aveling.