FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MARXISMO REVOLUCIONÁRIO

PARA A LUTA DE CLASSES PROLETÁRIA,

TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE MUNDIAL

SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES

 

CARTA DE FRIEDRICH ENGELS

a Friedrich Adolph Sorge

31 de Dezembro de 1892

 

FRIEDRICH ENGELS[1]

 

Concepção e Organização, Compilação e Tradução  Emil Asturig von München

Publicação em Homenagem a Portau Schmidt von Köln

Fevereiro 2008 emilvonmuenchen@web.de

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Londres, 31 de dezembro de 1892

Caro Sorge,

 

(...) Aqui, na velha Europa, as coisas estão mais quentes do que no seu “jovem” país que ainda não quer sair bem dos anos de adoslescência. É estranho - porém inteiramente natural – como, em um país tão jovem, que jamais conheceu o feudalismo, que medrou, de antemão, sobre o fundamento burguês, os preconceitos burgueses assentam-se também tão firmemente na classe trabalhadora.

Precisamente a partir do antagonismo, existente em relação à mãe pátria que ainda porta a vestimenta feudal, o trabalhador americano imagina, igualmente, que a economia burguesa tradicionalmente herdada seria algo de progressivo e de superior, pela própria natureza e por todos os tempos, i.e. um non plus ultra (EvM.:  nada de superável).  Inteiramente como, na Nova Inglaterra, o puritanismo, a causa existencial de toda a colônia, é, exatamente por isso, o objeto herdado, havendo-se tornado quase inseparável de seu patriotismo local.[2]

 

(...) É o revolucionamento de todas as relações convencionais por meio da indústria em desenvolvimento que revoluciona também as cabeças.

Ademais, foram os norte-americanos que forneceram ao mundo europeu, desde muito tempo, a prova de que a República Burguesa é a República da gente de negócios do capitalismo, onde a política é apenas transação comercial tal qual toda outra transação o é.

E os franceses, junto aos quais os políticos burgueses dominantes já tinham, há muito tempo, conhecimento desse fato, praticando-o silencionsamente, aprendem também, finalmente, essa verdade,em escala nacional através do exemplo do escândalo do Canal do Panamá.[3]

 

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS



[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Brief an Friedrich Adolph Sorge in Hoboken, New Jersey, USA (Carta a F. A. Sorge in Hoboken, Nova Jersey, EUA)(31 de Dezembro de 1892), in : ibidem, Vol. 38, Berlim : Dietz, 1968, pp. 560 e s.

[2] Cf. IDEM. ibidem, Vol. 38, Berlim : Dietz, 1968, p. 560.

[3]Cf. IDEM. ibidem, Vol. 38, Berlim : Dietz, 1968, p. 563. O Caso Panamá foi um processo de corrupção que veio à luz, no quadro da III República Francesa, a partir de 1892, devido a abusos administrativos e financeiros, verificados no âmbito da direção da Companhia do Panal do Panamá, sociedade por ações, criada para a construção do Canal do Panamá, projetado para ligar o Atlântico ao Pacífico.  No curso do processo, foram revelados muitos detalhes escandalosos que comprometiam centenas e centenas de ministros, deputados e representantes do Estado Francês, pelo fato de terem aceitado subornos imensos, visando a manter acobertado malversações em transações da Companhia do Panal do Panamá, envolvendo bilhões de francos franceses. O Caso Panamá tornou-se, desde então, o nome comum designativo de todos os tipos de grandes escândalos sociais e políticos.